A 40 minutos de Belo Horizonte, uma residência de final de semana, construída em um condomínio, recebe um casal com dois filhos adultos e jovens, mas foi planejada para eventualmente ser habitada em caráter definitivo. O ponto alto do terreno descortina uma vista deslumbrante das montanhas. Longe de querer a paisagem somente para eles mesmos, proprietários e arquitetas decidiram construir a morada de maneira que não impedisse a vista para quem passasse pela rua.
Para manter a privacidade, o partido resguarda o interior, independentemente da existência do grande vão transparente Flávia FrauchesA gentileza urbana só foi possível porque a fachada principal cega encontra-se literalmente rasgada somente no encontro das quinas em ‘L’ por três portas de vidro abertas, permitindo que a vista fique ‘escancarada’ para a rua, com a paisagem reinando absoluta. “Para manter a privacidade, o partido resguarda o interior, independentemente da existência do grande vão transparente”, explica a arquiteta Flávia Frauches, sócia e parceira de Ana Paula Mello nesse projeto.
Com estilo contemporâneo, a construção buscou inspiração nos hotéis com vista para o mar. “Vários foram pesquisados e muitas soluções, incorporadas. Só que dessa vez para o mar de montanhas”, revela Flávia.
Embora o clima local não propicie a arquitetura com varandas, a solução com portas painéis possibilita que, em dias menos frios, as aberturas transformem a área social em um grande avarandado. As portas têm generosos 17 x 12,5 m e tomam os dois grandes vãos em ‘L’. Elas abrangem os ambientes do estar principal, da biblioteca e sala de jantar, passam pela louçaria, adega e vão da escada. “Mesmo com a proporção do projeto, a casa é extremamente prática”, reflete Flávia.
A arquiteta conta que tudo isso só foi viável por causa da estrutura metálica na composição da arquitetura. “Para vencer os grandes vãos sem o uso de pilares, a estrutura metálica entra como concepção de projeto na parte inferior. Na parte superior, optamos pela estrutura de concreto convencional, responsável por viabilizar um acabamento melhor na caixa fechada.”
As fachadas revestidas por lambris de alumínio na cor corten e textura especial Terracor replicam os mesmos materiais para serem empregados no interior da residência. A diferença entre as fachadas é que na frontal – não é a principal – destaca-se o acabamento em corten. Já a principal – interna e em ‘L’ – nasce em função da vista. “Todos os quartos e a sala íntima estão voltados para ela”, declara Flávia.
Para vencer os grandes vãos sem o uso de pilares, a estrutura metálica entra como concepção de projeto na parte inferior. Na parte superior, optamos pela estrutura de concreto convencional, responsável por viabilizar um acabamento melhor na caixa fechada Flávia FrauchesPara viabilizar a total integração com essa paisagem, criou-se um recurso semelhante à ‘porta de van’ nas esquadrias de correr automatizadas, para possibilitar que fiquem alinhadas quando fechadas e somente trespassadas durante o uso. Assim, o andar superior transforma-se em um grande painel ripado, totalmente alinhado no mesmo nível. A solução inovadora necessária exigiu projeto especial, com processo de criação e execução entre uma serralheria e os arquitetos.
As lâminas de aço corten da fachada refletem uma solução diferente de acabamento e criam um efeito interessante. A textura Terracor da fachada também é encontrada no interior da casa em alguns ambientes, e pode ser visualizada desde o exterior, por entre os painéis de vidro. No piso de toda área social, inclusive na piscina, o mármore travertino impera, enquanto nas áreas íntimas a escolha recai sobre a madeira. Além do chão, o mármore travertino figura em um painel em vários relevos na sala. O material foi usado em todas as áreas sociais, na piscina e nos banheiros.
No projeto com design de linhas simples e geométricas, a iluminação cuidadosamente planejada foi um importante recurso para realçar as várias peças de design internacional renomado.
Os efeitos de luz são muitos, como os proporcionados pelas luminárias com cúpulas, em volta do braseiro, e os abajures espanhóis da área da piscina. Inusitados para esse tipo de local, eles se destacam ao imprimir ao ambiente um conceito de interior.
O paisagismo simples tem, antes de tudo, a função de “não roubar a cena”. Algumas árvores nativas de efeito escultural foram preservadas e somente no jardim é permitido o uso de formas orgânicas para as forrações.
A proprietária é uma colecionadora de arte contemporânea, por isso, os ambientes amplos mostram-se perfeitos para abrigar as inúmeras obras. Há um grande trabalho de Franz Krajcberg, que ocupa a sala de estar de pé-direito duplo ao lado de dois quadros de Ana Maria Maiolino.
A decoração, feita gradualmente, tem em cada peça uma escolha criteriosa. No estar, a mesa de treliça metálica Aramada, da Decameron, integra-se à arquitetura ao lado de ícones como a chaise Rio, de Oscar Niemeyer e a chaise vintage em couro de vaca, de Le Corbusier. A marcenaria segue o design e a função de cada ambiente. Em todo o projeto, o desenho dos móveis busca referências na própria arquitetura da casa. Objetos trazidos de viagens refletem a cara e a alma dos moradores. “Eles dão vida e tornam a casa extremamente acolhedora, propósito essencial do projeto”, finaliza Ana.
Escritório
Termos mais buscados