O partido arquitetônico do edifício comercial Box 298 explora a possibilidade de conexão entre as ruas Wisard e Fidalga, no bairro da Vila Madalena, em São Paulo. Vinicius de Andrade, sócio-diretor, e Renata Andrulis, arquiteta associada, do Andrade Morettin Arquitetos Associados, criaram um percurso contínuo que começa no passeio público e conduz a um generoso hall aberto com pé-direito triplo e visuais livres. A solução permite apenas a conexão entre as ruas, uma vez que a legislação municipal proíbe a abertura de uma construção para duas vias, por isso o acesso único é feito pela Rua Wisard, face com a menor testada.
Moderno e arrojado, o prédio lembra caixas empilhadas, fazendo alusão à paisagem colorida do próprio bairro onde está inserido, a Vila Madalena. “Ele é também uma interpretação de um sistema pré-estabelecido da distribuição, dos empilhamentos dos conjuntos ao longo dos pisos, marcados pelas lajes de concreto”, complementa o arquiteto Vinicius de Andrade.
Estabelecido em um lote irregular, em formato “T”, com frente para duas ruas, o projeto do Edifício Box desafiou os arquitetos a criarem uma boa relação entre a construção e o espaço urbano. Renata conta que o impasse foi equacionado por meio da criação de um pequeno bulevar de acesso ao conjunto.
Ele é também uma interpretação de um sistema pré-estabelecido da distribuição, dos empilhamentos dos conjuntos ao longo dos pisos, marcados pelas lajes de concreto Vinicius de Andrade
“Tiramos proveito do grande desnível, que funciona como uma esplanada em relação ao bairro, deixando o terreno elevado. Assim, o piso térreo, de uso comum, acaba oferecendo uma entrada monumental marcada por um vazio central que ainda integra os demais andares”.
Como as elevações dos lotes das duas ruas são diferentes, o edifício acabou ficando com dois pavimentos térreos. O da entrada, que é o da Rua Wisard, é mais alto e, além do hall, abriga uma sala de reuniões coletiva e uma academia. O segundo térreo, do lado da Rua Fidalga, é mais baixo, conta com cinco espaços comerciais indicados para lojas e restaurantes. Os quatro pavimentos superiores ofertam 18 conjuntos comerciais de tamanhos e formatos diferentes. Os três níveis inferiores são de garagem.
A construção da lâmina superior expressa o conceito de um edifício flexível, através da sobreposição de lajes com pé-direito duplo e fechamentos leves, posicionados de maneira alternada. Todas as salas possuem mezaninos e jardins ou terraços privativos; a área varia entre 65 m² e 356 m². Essa diversidade de opções de conjuntos só é possível porque existe máxima flexibilidade interna para ocupação, inclusive, com a liberdade de utilizar um ou mais espaços vizinhos.
Nas fachadas, planos de alvenaria revestidos com telha metálica galvanizada e pintada, e vidro com caixilho de alumínio, acrescentaram uma rica variação de cor e volume ao edifício horizontalizado. Eles se assemelham a contêineres coloridos empilhados. A impressão deve-se ao fechamento lateral da estrutura executado de maneira alternada, ora com telhas metálicas coloridas ora com caixilhos com vidros. A telha metálica tem a vantagem de garantir a durabilidade das fachadas aliada à fácil manutenção. A praticidade do material é observada desde a fase de execução do projeto.
Os jardins estão distribuídos pelos andares, ocupando as varandas e os vazios coletivos. Tanto verde ajuda no conforto térmico e oferece qualidade de vida aos ambientes de trabalho Renata Andrulis
“Para chegar às cores finais utilizadas no prédio, houve uma seleção feita em conjunto com o artista plástico João Nitsche, que também desenvolveu o grafismo dos painéis para a identificação de cada conjunto”, declara Vinicius de Andrade. A fachada sul dispõe de maior área revestida de vidro, em oposição à fachada norte, que conta com fechamento de painéis metálicos.
Ao interligar todos os pavimentos, o átrio central cumpre não só a função estética e de design, mas possibilita iluminação e ventilação natural, que alcançam todos os andares acima do térreo. Tanto nas varandas quanto no térreo, que são áreas de pé-direito duplo, a iluminação artificial privilegiou luminárias industriais associadas a braços metálicos ora móveis, ora fixas, sempre associadas aos pilares.
Já o paisagismo incorpora-se ao edifício de forma particular, difusa e sustentável: “Os jardins estão distribuídos pelos andares, ocupando as varandas e os vazios coletivos. Tanto verde ajuda no conforto térmico e oferece qualidade de vida aos ambientes de trabalho”, pontua Renata Andrulis.
As áreas mais fechadas para a face norte, e abertas na face sul, favorecem a ventilação cruzada, tornando o sistema de ar condicionado optativo, uma vez que a infraestrutura para a automação de disciplinas complementares encontra-se disponível.
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