“Um projeto desafiador”, assim define Fabio Bruschini, arquiteto e responsável pela reforma e transformação de um antigo supermercado em um restaurante de carnes de corte fino, o Cortés, localizado no Shopping Villa Lobos, zona sul de São Paulo. O objetivo era projetar uma arquitetura contemporânea e jovem – na contramão dos restaurantes com perfil corporativo.
“Era preciso criar uma identidade arquitetônica e gráfica de fácil replicação, uma vez que o projeto seria reproduzido em outros lugares, como no Shopping Leblon, do Rio de Janeiro, cuja obra já está em andamento”, conta o profissional do escritório Bruschini Arquitetura. A solução passou pela escolha de acabamentos e identidade visual fortes, capazes de traduzir e conectar tudo o que a marca Cortés oferece: do restaurante de carnes ao empório.
Usamos a arquitetura industrial desses edifícios do Soho e Meatpacking, de Nova York, para desenvolver o projeto dos caixilhos quadriculados Fabio BruschiniParte da inspiração veio das regiões do Soho e Meatpacking, em Nova York, onde havia muitos abatedores e açougues. “Usamos a arquitetura industrial desses edifícios para desenvolver o projeto dos caixilhos, quadriculados”, conta.
O Cortés Restaurante, especializado em produtos premium, pertence a um grande grupo do ramo de alimentação, o Ráscal. Sua instalação em um edifício de esquina é privilegiada. Em frente ao estacionamento do shopping, desfruta de ventilação natural e ainda possui dois acessos.
Com metragem generosa, o programa arquitetônico mostrou-se bastante extenso e complexo. Na área técnica foram instalados cozinha, copa, um pequeno açougue, área de lavagem e um mezanino com câmaras frias. No salão social, que precisava comportar 135 clientes, o arquiteto acomodou o restaurante de carnes, o bar, e um pequeno empório.
Uma grande estante de ferro e madeira de demolição separa o salão principal do empório, feito especialmente para a venda de produtos Premium.
A disposição do espaço aconteceu de maneira rápida e intuitiva. “Dividimos em quatro setores, com o salão voltado para uma área externa, rica em iluminação natural. O bar, à frente, é o primeiro setor, seguido pelo empório – ambos de frente para o corredor do shopping. Eles representam um atrativo, pois são os primeiros ambientes a serem vistos por quem anda no shopping”, explica.
A área técnica e o salão principal estão atrás, no terceiro setor. No salão retangular, dois pilares estruturais poderiam ser um obstáculo, mas ajudaram no layout. “Projetamos um sofá em todo o perímetro do salão, de costas para o estacionamento, criando os lugares mais confortáveis do restaurante”. No pavimento superior ficam as câmaras frias, áreas de funcionários e de estoque e recebimento de produtos.
Para Fabio Bruschini, um dos pontos que mais lhe agrada no projeto é a complexa combinação de materiais. “Há uma mescla de aço corten, couro, tecido náutico, ferro, cerâmica branca e bisotada, que formam a identidade visual forte, característica da marca”.
Na entrada, a paginação com ladrilho hidráulico sextavado e ladrilhos nas cores preto e branco confere um ar despojado de armazém. A cerâmica bisotada reveste os pilares e algumas paredes do salão e do empório, típica dos metrôs de Paris e Nova York. Elas interligam os dois espaços. O ferro pintado na cor preta, sem muito acabamento, contribui para exaltar o estilo rústico, quebrando um pouco o ar sério. Já o salão com assoalho de demolição de madeira cumaru tem forro modular com placas acústicas, para comportar a infraestrutura acima dele – ar condicionado e duto de exaustão.
Há uma mescla de aço corten, couro, tecido náutico, ferro, cerâmica branca e bisotada, que formam a identidade visual forte, característica da marca Fabio BruschiniO aço corten paginado reveste e demarca toda a área técnica e, principalmente, a cozinha e a típica parrilla uruguaia e argentina, a carvão. “Envidraçadas e transparentes, elas deixam à mostra as panelas de cobre, guarnições e a preparação dos produtos, principalmente as carnes. Essa visibilidade era muito importante para o cliente”.
Pintado na cor preta, o sistema de ar condicionado aparente contribui para o estilo industrial contemporâneo explorado pelos arquitetos. “Havia um pé-direito de 5,5 metros, suficiente para um sistema embutido, mas optamos por reduzir a altura para, aproximadamente, 3,8 metros e usar o sistema de giroval, com instalações aparentes e forte apelo estético. Ele acompanha o comprimento do sofá, sendo marcante no restaurante”, justifica Fábio.
No empório e bar, o pé-direito é mais alto e pediu dois tipos de forro acústico: com placas de gesso furadinhas e com placas lisas em tonalidade preta. Os dois materiais ajudam na absorção do som do bar e do empório. Já no salão, com pé-direito mais baixo, o forro de madeira cumaru ripada modular foi complementado com placas sonex, que ajudam a abafar o barulho do salão. As luminárias pendentes de cobre, em forma de bandejão, pontuam todas as mesas redondas, eliminando o ar de refeitório.
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