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De Lemos

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Totalmente à vontade na paisagem, o edifício do hotel De Lemos é um percurso de concreto que segue de forma sinuosa o monte, no meio das vinhas da região de Passos do Silgueiros, em Viseu, Portugal. Imagens: Hugo Carvalho Araújo
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Caminho na paisagem

Texto: Tais Mello

Encantador e surpreendente, o hotel De Lemos mostra-se como uma cobertura de concreto que percorre de forma sinuosa o monte, no meio das vinhas da região de Passos do Silgueiros, em Viseu, Portugal. O edifício é um caminho totalmente à vontade na paisagem, naturalmente integrado. O conceito distinto do projeto também é inesperado. “Para além das vinhas já existentes e do pinhal não havia limitação quanto à metragem. Quanto à localização, pretendiam apenas que fosse no topo da colina”, conta o arquiteto José Manuel Carvalho Araújo.

Denominado por José Manuel como um hotel pessoal, o lugar reúne as atividades empresariais e os gostos do cliente. “Ele é extremamente exclusivo, uma verdadeira guesthouse. Oferece apenas três suítes, feitas para receber o cliente, que irá usufruir, de forma muito intimista, do vinho, da decoração de luxo e da comida de alta qualidade”, explica.

Para além das vinhas já existentes e do pinhal não havia limitação quanto à metragem. Quanto à localização, pretendiam apenas que fosse no topo da colina José Manuel Carvalho Araújo

O arquiteto revela que inicialmente foi requisitado o projeto de um restaurante gourmet. “Mas percebemos que ele necessitava de algo mais. Então apresentamos este novo conceito de um hotel pessoal. Tudo isso descoberto ao mesmo tempo em que descortinamos, através das numerosas e grandes janelas, a bela vista sobre as vinhas envolventes”. A construção reflete a filosofia dos profissionais, com a natureza assumindo um destaque especial. “Não queríamos mudar a paisagem, e sim fazer parte dela”.

Programa único

Pessoal e original, a abordagem poética estende-se ao design de interiores do programa. O caminho estabelece uma relação contínua entre o restaurante, as zonas de estar, as suítes, a piscina e uma sala. Todos os ambientes desfrutam da mesma vista privilegiada das vinhas. Pontualmente, alguns pátios estabelecem uma relação de continuidade com a colina.

O programa menos convencional tem abordagem evidenciada no diferencial de design e na estratégia empresarial, que reúne vários interesses. Sem uma recepção formal, os serviços criam uma atmosfera íntima, familiar e exclusiva. Exemplo disso é o quarto – que extrapola o tradicional domínio privado característico desse ambiente, ao somar outros espaços de carácter social, tornando-se uma casa pequena. Conforto, hospitalidade e business permeiam as soluções e justificam a existência de uma sala de eventos e um SPA para os hóspedes/clientes.

O uso do concreto aparente em abundância demonstra o mesmo espírito da pedra, fartamente usada nas construções tradicionais da região Foto: Hugo Carvalho Araújo

Ao projetar um hotel com conceito mais amplo e estabelecer uma relação com a produção de vinho, o arquiteto justifica no programa a existência de um restaurante. Nele há espaços para degustação e uma área reservada para análise, discussão e crítica de vinhos, por isso a existência de um desenho flexível para o espaço em todos esses usos.

Design a serviço da topografia e layout

O arquiteto expõe que o edifício desenvolve-se a partir da topografia, pela terra e as suas aberturas, adaptando-se às curvas de nível. “É um percurso extensivo e discreto, que representa a dimensão do território em que está colocado. São dois edifícios – um deles já existia – que constituem dois polos. A criação do percurso também serve para relacioná-los”.

Ele é extremamente exclusivo, uma verdadeira guesthouse. Oferece apenas três suítes, feitas para receber o cliente, que irá usufruir, de forma muito intimista, do vinho, da decoração de luxo e da comida de alta qualidade José Manuel Carvalho Araújo

No interior, os layouts combinam áreas mais rígidas, em termos de programa, para garantir o funcionamento mínimo dos espaços, a áreas mais flexíveis, que podem ter o layout alterado ao longo do tempo, de acordo com as necessidades do cliente.

“Dividida genericamente entre duas áreas, funcional e show cooking, a cozinha estáparcialmente inserida dentro da área funcional e da sala de refeições.” O projeto de iluminação, profundamente interligado ao de arquitetura e de design de interiores, é embutido no teto de concreto, desprovido de elementos salientes que destoem do estilo da construção.

Interior e exterior

O design de interiores tem a assinatura do Atelier Nini Andrade Silva e expõe a lógica de estabelecer uma relação entre a natureza bruta do edifício e a delicadeza da decoração. Já o projeto de paisagismo, desenvolvido pelo atelier de arquitetos paisagistas JBJC, tentou sobretudo manter a naturalidade da colina, quer pela nova modelação do terreno quer pela transição das espécies selecionadas. A nova rede de percursos necessários adaptou-se ao terreno, criando um desenho mais informal, com o controle de luz natural e a discrição que se pretende para o conjunto, apesar da sua dimensão aparente.

É um percurso extensivo e discreto, que representa a dimensão do território em que está colocado. São dois edifícios – um deles já existia – que constituem dois polos. A criação do percurso também serve para relacioná-los José Manuel Carvalho Araújo

Estruturas de concreto

Todo o edifício – com pilares, paredes estruturais e laje maciça – é feito em concreto. Para manter a laje na espessura desejada, os sistemas de infraestruturas alojam-se no solo, ligando-se a uma área técnica em um piso inferior localizado em uma depressão no terreno, exatamente no ponto onde o edifício parece suspenso. Dessa central é possível controlar e monitorar os sistemas de iluminação, água e climatização.

Material aparente

As fachadas frontais são em parede dupla de concreto com isolamento térmico. As restantes mostram esquadrias de alumínio com corte térmico e vidro duplo de segurança. O uso do concreto aparente em abundância demonstra o mesmo espírito da pedra, fartamente usada nas construções tradicionais da região. Com esse material robusto, o edifício se prolongará no tempo em oposição a uma construção mais frágil e temporária.

Escritório

  • Local: VI, Portugal
  • Início do projeto: 2007
  • Conclusão da obra: 2012
  • Área construída: 1.500 m²

Ficha Técnica

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