Como e por que preservar o Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ), após 60 anos de história, foi a pergunta feita pelo arquiteto Daniel Hopf Fernandes, da Fernandes Arquitetos Associados, antes de idealizar o projeto de reforma. A resposta foi o planejamento de uma edificação moderna e eficiente que promete ser um dos principais estádios do mundo pelos próximos 75 anos. “Além de estar pronto para receber os jogos da Copa do Mundo de 2014, o Maracanã terá condições de acomodar 78 mil pessoas e acumular, pelo menos, mais 30 anos de história. Essa é a melhor forma de preservar o local e aumentar ainda mais sua importância para o País e para o mundo”, reflete o arquiteto.
A mudança na arquibancada cria a condição ideal de visibilidade para os torcedores e incrementa significativamente a experiência do jogo Daniel Hopf Fernandes O projeto busca preservar ao máximo a base existente e, ao mesmo tempo, promover melhorias necessárias viabilizadas por meio de intervenções radicais. “Nesse processo, inevitavelmente algumas estruturas deixarão de existir para dar lugar a novas. Outros elementos serão adicionados e, as partes remanescentes, recuperadas”, explica Hopf. Assim nascerá “um novo Maracanã dentro do antigo. E o melhor: com memória. Não substituindo o existente, mas o renovando”.
Para preservar e inovar, a obra manterá os três primeiros eixos estruturais responsáveis por abrigar quase tudo que é comum e reconhecido no estádio, como circulações internas principais, pilares, pé-direito e aberturas. A fachada também permanecerá praticamente intacta. Guardará – independentemente do ponto de onde seja vista – a imagem que todos os expectadores possuem e vivenciam. O arquiteto explica: “Nem mesmo a nova cobertura trará impacto visual, pois será impossível avistá-la do lado de fora”.
Todas as estruturas relacionadas a serviços, como bares e sanitários, por sua vez, serão inteiramente novas, seguindo os mais altos padrões. Mas as principais alterações acontecem no desenho das arquibancadas, projetadas para atender às condições ideais de visibilidade, segurança e conforto. Partes delas – norte e sul – serão mantidas, bem como seu desenho elíptico característico.
Já as tribunas principais, localizadas nas laterais, ficarão mais próximas 13 metros em relação ao campo de jogo. “A mudança cria a condição ideal de visibilidade para os torcedores e incrementa significativamente a experiência do jogo”, esclarece Daniel Hopf. Nas arquibancadas, a grandeza dos quase 80 mil assentos renovados darão a chance de os espectadores experimentarem de forma única e especial a relação entre o antigo e o novo. “Ao entrar no estádio, eles terão iniciado o percurso nas áreas externas, vendo o Maracanã original preservado em sua forma e função. À medida que caminharem pelo interior, em direção aos assentos, perceberão as primeiras intervenções e sentirão o resultado das melhorias e mudanças até chegarem às arquibancadas”, declara o arquiteto.
A nova cobertura – elemento introduzido nos estádios nos últimos 20 anos – é um dos principais elementos responsáveis pelo ganho efetivo na qualidade geral e na modernização do estádio. Daniel Hopf admite que não pensar em uma cobertura para o Maracanã é o mesmo que privá-lo do principal elemento de renovação.
Inicialmente, ela foi projetada para funcionar como um complemento da marquise existente, um A estrutura coroa e protege o velho estádio despertando um orgulho renovado e a sensação de que o Maracanã será eternoDaniel Hopf Fernandes anel flutuante tensionado por cabos. Mas segundo investigações específicas, constatou-se que a estrutura antiga não suportava esforços adicionais, tendo que ser demolida. A readequação do desenho permitiu abrigar os assentos originalmente cobertos pela marquise, além de praticamente eliminar qualquer interferência na fachada externa do estádio, situação impossível de ser viabilizada no projeto original.
Ganhou-se então uma marcante e leve cobertura translúcida – formada por membrana de fibra de vidro e teflon de alta tecnologia (PTFE) e cabos de aço tensionados – que flutua quase sem tocar a edificação existente. Com durabilidade de 50 anos, a nova estrutura terá 68,40 m de vão livre e cobrirá cerca de 96% dos assentos. “Ela coroa e protege o velho estádio – algo inestimável –, despertando um orgulho renovado e a sensação de que o Maracanã será eterno”, resume Hopf.
Escritório
Veja outros projetos relacionados
Termos mais buscados