Inspirados na técnica japonesa Yakisugi, os arquitetos do escritório Jacobsen Arquitetura criaram por fora da construção uma caixa preta, utilizando madeira carbonizada na fachada. “A dificuldade foi transformar a casa existente, de estrutura e frente convencionais, em algo com arquitetura e design diferenciado”, explica Bernardo Jacobsen.
A ideia do projeto partiu da própria dona da loja, que queria um espaço que proporcionasse um atendimento mais íntimo. O arquiteto investiu em um partido com aspecto de construção inacabada, por meio do uso do cimento queimado. “O interior foi todo trabalhado em concreto aparente, e as áreas privativas e os provadores foram definidos apenas por cortinas, para permitir uma visão integral do espaço”, comenta Jacobsen.
“Com a intenção de unir os dois andares e possibilitar a instalação de obras de arte, deslocamos a escada para os fundos da construção e criamos um pé-direito duplo na entrada da loja” relata. Os ambientes se integram através da abertura das cortinas.
Para dar uma cara moderna à fachada, a loja ganhou uma nova altura, escondendo a cobertura existente, de telha colonial. “Partimos da reforma de uma loja com estrutura de residência convencional. Havia um sobrado com telhado duas águas. Foi demolida parte da laje do andar de cima, para que a entrada e vitrine ficassem com pé-direito duplo. Também construímos uma escada nova no lugar da escada helicoidal existente”, diz o arquiteto.
Na vitrine, o mesmo tabuado vira um brise, permitindo a visão da loja de dentro para fora e de fora para dentro. “A fachada é formada por um tabuado vertical de madeira carbonizada, com 12 cm de largura” conta Bernado.
Todo aspecto inacabado da obra, como o cimento queimado e a marca da laje cortada, contrapõe-se às poltronas, namoradeiras estilo Luís XV e cortinas de veludo. “A mesa no centro é um pedaço de madeira da construção anterior, utilizado como tampo de mesa apoiado em cavaletes. Na madeira ainda existem anotações e croquis do processo da reforma” completa.
Para a iluminação, spots com luz direcionada organizam-se em trilhos eletrificados. Todos em cobre oxidado para garantir a linguagem solicitada pela cliente. Na junção das paredes com o forro e o piso foi utilizado um perfil com iluminação de fita de LED. Na vitrine, lâmpadas pendem do teto de pé-direito duplo. Já a escada ganhou uma iluminação linear por trás do teto luminoso, que lembra uma espécie de acrílico fosco.
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