Um elegante edifício circular, como uma fina casca pousada sobre o chão. Essa é uma das principais características do Pavilhão de Exposições Lucas Nogueira Garcez, popularmente conhecido como Oca. Arquitetado e construído em 1954 por Oscar Niemeyer para as comemorações do IV centenário da fundação da cidade de São Paulo, o projeto faz parte de um conjunto de quatro edifícios ligados por uma marquise, todos localizados no Parque do Ibirapuera, cartão-postal da capital paulista.
A recuperação da Oca foi decidida em 2000 pela Fundação Bienal de São Paulo para abrigar a Exposição Brasil 500 Anos – Artes Visuais.
O arquiteto Paulo Mendes da Rocha foi chamado para a orientação do estudo preliminar do projeto de recuperação do edifício, e o escritório de arquitetura MMBB Arquitetos, para o desenvolvimento do projeto executivo, que engloba o restauro das características originais e a melhoria das condições de controle de luz, temperatura e umidade de acordo com o padrão museológico contemporâneo.
Além da irreverente cobertura curva, o projeto da Oca tem outras particularidades arquitetônicas que o tornam monumental. Uma delas é a envoltória da casca, que, por meio de suas nervuras em arcos diametrais, apoia-se diretamente sobre o solo.
Chama a atenção também o vazio produzido pelo rebaixamento total do piso circular inferior, que passa a sensação de que o chão se suspende no ar.
No interior, três sistemas estruturais se relacionam de maneira independente, gerando um resultado surpreendentemente belo e leve.
A proposta da intervenção era recuperar o edifício em seu desenho original, mas sem alterar suas características monumentais. “A reforma começou pela remoção de todos os elementos que se distanciavam do projeto verdadeiro”, conta o arquiteto Gleuson Pinheiro, do escritório MMBB Arquitetos.
Também se buscou criar para a Oca uma infraestrutura padrão de um museu contemporâneo, sem, contudo, interferir no projeto original.
Pinheiro explica que, para a climatização do espaço, procurou-se utilizar a tecnologia mais moderna, a mais adequada ao programa museológico e também a mais discreta.
Uma das novidades da reforma realizada na Oca foi a utilização do sistema shaft, um ducto vertical por onde passam as condutas de água e os cabos de telecomunicações e iluminação de um edifício. “Para manter a leveza original do layout, foi necessário concentrar e reunir as instalações. Optou-se por fazer isso junto ao núcleo hidráulico existente, preservando o lugar original de localização de um volume construído”, completa o arquiteto.
Visando a oferecer mais conforto aos visitantes, o projeto recebeu controle de temperatura e iluminação automatizados, bem como monitoramento de luz adequado aos variados tipos de exposições.
Sobre a atualização do projeto, Paulo Mendes da Rocha conta que todos os esforços foram feitos para conservar intacto o desenho original. E conclui: "a Oca é uma das obras mais límpidas e singelamente monumentais de Niemeyer".
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