A paisagem bucólica característica da região de Bragança Paulista, interior de São Paulo, inspirou os arquitetos Henrique Reinach e Maurício Mendonça, do escritório Reinach Mendonça Arquitetos Associados, na concepção da Residência LG, destinada exclusivamente ao lazer.
Além de deixar todos os ambientes voltados para a mata nativa vizinha ao lote – localizado em um condomínio fechado –, os profissionais adotaram um programa diferente, que compreende praticamente duas casas: uma de ‘uso noturno’, no bloco superior, e outra de ‘uso diurno’, no inferior.
Os arquitetos explicam que o pavimento de cima – situado no nível da rua – foi pensado para levar aconchego e segurança aos moradores no período da noite. Já o piso de baixo foi designado para a prática de atividades externas durante o dia, por isso, segue completamente conectado ao jardim.
Os proprietários da Residência LG desejavam um lugar agradável para passar as férias e os finais de semana, com ambientes amplos e abertos. Por conta disso, muitos são avarandados. “Dessa forma, conseguimos sintetizar o extenso programa através de volumes elegantes e bem assentados no sítio, que resultaram num aspecto despojado, típico de uma casa de campo”, expõe Reinach.
Essas medidas também trouxeram a exuberante floresta para o interior da morada. Isso porque a vista para os fundos é uma mata fechada que surge logo após um pequeno lago, enquanto na porção contígua ao lote outra mata virgem é revelada. Ou seja, a Residência LG é totalmente envolvida pelo verde. Segundo Reinach, o objetivo era criar a sensação de estar em uma área rural, e o paisagismo faz a intersecção com o entorno privilegiado.
O projeto arquitetônico foi detalhado e revisto inúmeras vezes tanto pelos proprietários quanto pelos profissionais. “Com isso, a partir do momento em que as decisões foram tomadas, poucas foram as surpresas ou alterações na obra, que foi extremamente precisa”, expressa Reinach.
Levemente em declive, o terreno de 10 mil m² volta-se para a face norte e, por conta disso, está orientado para a melhor vista da paisagem. Assim, todos os ambientes da Residência LG se abrem para o mesmo sentido.
A entrada da casa é realizada na porção de cima, em um primeiro bloco térreo e paralelo à rua, onde foram implantadas as áreas de apoio, como abrigo de carros, depósitos e morada do caseiro.
Separado deste volume por um generoso pátio de serviços, mas por ele ligado através de passarelas suspensas, surge um segundo bloco, no qual desenvolvem-se os principais ambientes da residência. “Em dois níveis, esse conjunto é dividido entre os usos noturno e diurno”, explica Reinach.
No mesmo piso de chegada, o chamado ‘pavimento noturno’ recebe o programa do núcleo familiar – com planta semelhante a um apartamento –, que dispõe de sala, cozinha e dormitórios. Abaixo deste andar, forma-se o ‘pavimento diurno’, contemplando uma segunda cozinha, dormitórios de hóspedes e varandas sociais com amplas áreas de lazer.
Como revela Reinach, a piscina, o contato com a mata, os amplos gramados para jogos e as alamedas para passeio a pé definem as atividades externas e diurnas do grupo. Por outro lado, leitura, biblioteca, sinuca, filmes e gastronomia correspondem às práticas noturnas. “Foram feitas duas casas em uma, que integram-se através de uma generosa varanda de pé-direito duplo”.
Esse espaço possui estrutura de concreto aparente em partes apoiada sobre leves e delgados pilares metálicos. “Um dos detalhes da varanda se deve ao muxarabi de madeira, que a protege do sol nascente”, descreve Henrique Reinach.
A estrutura da Residência LG é predominantemente de concreto aparente – inclusive paredes e lajes – e, ao ser sustentada por pilotis de aço, parece flutuar sobre o solo. Outro material utilizado é a alvenaria em tijolos de barro maciço, que reveste alguns muros.
A ideia era que não se percebesse quando se está dentro ou fora da residência Henrique ReinachSegundo Reinach, os materiais de acabamento foram escolhidos pela simplicidade e praticidade. Também houve a preocupação em dar continuidade e criar uma ligação entre os ambientes, por isso, os pisos externos e internos são os mesmos, revestidos de fulget. “A ideia era que não se percebesse quando se está dentro ou fora da residência”, diz.
A Residência LG apresenta grandes aberturas e panos de vidro, que voltam-se para a face nordeste, enquanto alguns ambientes internos utilizam iluminação natural através de domus cobertos por vidro. A residência também é bem ventilada, pois utiliza como recurso o cruzamento do ar pelo pátio, que existe entre o bloco principal e o de serviço. “A síntese do projeto resultou em blocos simples, sem exageros”, finaliza o arquiteto.
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