No bairro de Cidade Nova, Rio de Janeiro, o Parque Madureira é um dos melhores exemplos da Queríamos que o parque virasse a extensão da casa das pessoas e fosse apropriado pela comunidade. O resultado é o mais democrático que conheço Ruy Rezende transformação do espaço pela arquitetura. Com projeto do arquiteto Ruy Rezende, o parque não só modificou a paisagem onde está inserido, como influenciou na localização das fachadas de recentes construções em um terreno baldio próximo – para ter a casa voltada para a privilegiada área, moradores do entorno chegaram a inverter a posição de implantação da residência.
Idealizado pelo engenheiro Mauro Bonelli, da Secretaria Municipal de Obras da Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, esse exemplo de interação com a cidade nasceu de um projeto de educação socioambiental. Na ideia inicial, questões educativas e socioambientais deveriam ser aprendidas na teoria e na prática, ao instigar o envolvimento da comunidade por meio das vivências proporcionadas pelo parque, o que proporcionaria melhor qualidade de vida aos moradores.
A diretriz instigou o escritório rra arquitetura, urbanismo e paisagismo a fazer uma verdadeira imersão no bairro Madureira, com o objetivo de alinhar a questão sustentável a aspectos culturais da região.
O maior desafio era a partir de uma área abandonada, que cresceu sem controle, elaborar um projeto que pudesse levar lazer, esporte e educação por meio de um parque, criando um ambiente familiar próximo da cultura do bairro. “Queríamos que o parque virasse a extensão da casa das pessoas e fosse apropriado pela comunidade. O resultado é o mais democrático que conheço”, reflete Ruy Rezende.
O masterplan é dotado de equipamentos que atendem a atividades de lazer (24%), cultura (20%), meio ambiente (28%) e esporte (28%). Com 3.800 m², a ampla estrutura de lazer é uma das mais completas do Brasil e oferece ciclovias, pistas de corrida, quadras poliesportivas, circuito de lagos, mirante, quiosques, academia ao ar livre e muita área verde.
Todas as atrações atendem às mais diversas faixas etárias. Para os adolescentes, o destaque é a pista de skate. As crianças menores não resistem à praia artificial – uma faixa de areia com cascata d’água. Já os idosos usufruem do parque como um espaço de contemplação e ainda socializam ao participar de atividades sociais e esportivas, a exemplo da Cancha de Bocha, das mesas de jogo de dama ou da academia para a terceira idade.
Além de um local de banhos e brincadeiras para crianças e um dos pontos mais visitados, a Praia da Madureira foi planejada para sanar o problema da baixa umidade no local. O projeto previu uma sequência de lagos e cascata artificiais somados à areia. Na parte inferior da queda d’água, a combinação de pisos com placas de concreto e piso drenante ajudou na permeabilidade – uma vez que o material é capaz de conduzir parte da água da chuva para o subsolo.
Na extremidade sul, um auditório ao ar livre dotado de elegante cobertura de concreto – uma solução arquitetônica chamada de concha acústica, intencionalmente icônica para a área – leva o nome de Praça do Samba. Trata-se de um anfiteatro para shows e eventos com capacidade para 3 mil pessoas, que abriga apresentações artísticas e atividades de duas agremiações conhecidas nacionalmente, a Portela e o Império Serrano.
O palco é grande o suficiente para acomodar uma bateria inteira. Como o bairro de Madureira é a sede dessas escolas, a implementação desse espaço representa um importante aspecto cultural. Ao lado encontram-se a praça de alimentação e um quiosque para ciclistas, equipado com paraciclos e um ponto do sistema Bike Rio, de bicicletas compartilhadas.
O Parque Madureira foi o primeiro parque público brasileiro a conquistar o selo AQUA (Alta Qualidade Ambiental), da Fundação Vanzolini, na fase programa. Sustentável, o espaço tem mais de 1.200 árvores e palmeiras. Mais do que enriquecer o paisagismo, elas desempenham a função de reter a A água da chuva é coletada através dos pisos drenantes. Eles impedem alagamentos, sem deixar o líquido acumular, direcionando-o a uma estação de tratamento, na qual será reutilizado para a irrigação do lugar. Isso permite uma expressiva economia de água Ruy Rezende umidade e proporcionar sombra. A presença dos grandes espelhos d’água também refresca e ajuda a reduzir a temperatura em até 5ºC em dias quentes.
Simbolicamente a água dos chafarizes transmite a ideia do ciclo da natureza. “De forma sustentável a água da chuva é coletada através dos pisos drenantes. Eles impedem alagamentos, sem deixar o líquido acumular, direcionando-o a uma estação de tratamento, na qual será reutilizado para a irrigação do lugar. Isso permite uma expressiva economia de água”, explica Ruy Rezende. Para prevenir erros, uma estação meteorológica controla a alternância da frequência da água de acordo com o clima, evitando o desperdício na irrigação.
No Centro de Educação Ambiental placas fotovoltaicas posicionadas no teto captam a energia solar para abastecer o espaço. Elas estão ligadas à estação meteorológica e ficam à mostra, permitindo aos curiosos aprender como funcionam os painéis solares e ver nos monitores o quanto de energia está sendo gerada e usada. Toda a iluminação é feita de LED, que energeticamente é mais eficiente.
As edificações de alvenaria estrutural de blocos de concreto têm paredes e telhados verdes, o que possibilita criar uma barreira térmica externa, proporcionando ambientes arejados. Também foram projetados um jardim sensorial e um pequeno jardim botânico de espécies arbustivas e herbáceas com placas explicativas sobre botânica e/ou o uso das espécies.
Para maior segurança, há guaritas localizadas em pontos estratégicos, circuito interno de câmeras e uma unidade da guarda municipal.
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