Ao criar dois blocos interligados por uma imponente ponte estaiada, em um terreno de 12 mil m², o arquiteto Sergio Teperman mudou para sempre a paisagem local. O Sesc – Serviço Social do Comércio – inaugurado na cidade de Sorocaba, no bairro jardim São dois prédios com níveis diferentes e, no meio, uma área de lazer com piscinas e playground. A passarela com dois níveis integra os dois blocos e atravessa esta extensão. Facilmente reconhecida nas redondezas, a ponte virou a marca do Sesc Sergio Teperman Faculdade, em São Paulo, é mais do que um espaço voltado para a cultura, os esportes, o lazer e a saúde. Sua arquitetura moderna se transformou em um ícone na região. “São dois prédios com níveis diferentes e, no meio, uma área de lazer com piscinas e playground. A passarela com dois níveis integra os dois blocos e atravessa esta extensão. Facilmente reconhecida nas redondezas, a ponte virou a marca do Sesc”, declara Sergio Teperman. A passarela metálica tem cabos de aço e a torre que a sustenta no meio é de concreto pintado na cor branca. O andar inferior liga o pavimento principal de convivência à entrada do ginásio. O superior conecta o andar de odontologia às salas de condicionamento do prédio do ginásio. O piso de cerâmica utilizado adentra os edifícios como se fosse um caminho que conduz até a fachada oposta – uma pequena plataforma transformada em sacada para fumantes.
A inspiração para o projeto veio do mestre finlandês do modernismo Alvar Aalto, com quem Sergio Teperman trabalhou durante um ano. Os traços característicos da obra de Alvar podem ser reconhecidos nas fachadas externas revestidas com tijolos cerâmicos avermelhados, no chão coberto por cerâmica e nas formas que se interligam, fugindo do traço extremamente reto – tanto por causa do terreno irregular quanto por causa das características orgânicas usuais na obra do arquiteto finlandês.
“Ele ligava as estruturas como se fossem uma planta, e o Sesc remete a projetos clássicos dele, como o anfiteatro do Instituto de Tecnologia, em Helsinque, capital da Finlândia, construído ao ar livre, no teto do auditório. São materiais e conceitos provenientes do Alvar, e não tenho vergonha de dizer”, reflete Sergio, que fez alguns dos desenhos para esta obra.
Tudo começa com a necessidade de conformar o difícil terreno com desníveis ao programa. Havia um estreitamento central, e o lado maior apresentava uma diferença de cota de 15 m. O terreno precisou ser fatiado em platôs, e em cada ponta foram construídos dois volumes fechados, com cinco pavimentos, implantados nas cotas mais baixas. Na área central ficaram as piscinas e o playground. Uma das características marcantes do projeto é que os usuários participam de tudo. “São prédios que permitem total visibilidade do que acontece, onde as pessoas deixam de ser meros espectadores. O átrio central percorre todos os andares e permite enxergar o que há em cada um deles, diferente de um shopping, no qual só se enxerga o corredor, e não as lojas”, explica Sergio. A cobertura também chama a atenção por ser formada por seis pirâmides de vidro com tratamento térmico, assim a luz natural entra sem reservas, iluminando todos os ambientes.
Para balancear os dois prédios, Sergio Teperman os implantou em níveis diferentes e interligados à ponte estaiada com dois pavimentos e sobreposta à piscina. A entrada do prédio acontece pelo nível intermediário, o que facilita a circulação e o deslocamento das pessoas. Logo no acesso, é possível descer um andar e já chegar ao subsolo, ou subir aos outros pavimentos e já estar a meio caminho do segundo prédio. “Com a ponte, os edifícios se interpenetram, melhorando a circulação”, explica Teperman.
A estrutura aparente das construções de concreto vence grandes vãos. O metal encontra-se apenas São prédios que permitem total visibilidade do que acontece, onde as pessoas deixam de ser meros espectadores. O átrio central percorre todos os andares e permite enxergar o que há em cada um deles, diferente de um shopping, no qual só se enxerga o corredor, e não as lojas Sergio Teperman na estrutura das coberturas e pirâmides envidraçadas. Grandes empenas cegas e chanfros nas fachadas denunciam a planta interna irregular. As paredes dos conjuntos são revestidas de tijolos laminados, e o piso cerâmico usado na passarela continua traçando um caminho no interior, mudando apenas a tonalidade de acordo com o pavimento. O projeto caminhou o tempo todo lado a lado com os recursos oferecidos pela arquitetura. O pouco vidro utilizado é percebido nas janelas existentes apenas nas laterais, responsáveis por iluminar o ginásio, e na cobertura, por onde entra boa parte da claridade. Sergio Teperman conta que evitou fazer aberturas onde era fundamental ter melhor conforto acústico. Para garantir o conforto térmico foram aplicados vidros antitérmicos. Onde há mais incidência solar, recorreu-se a um maior recuo através de varandas. “Ou seja, usamos uma série de saídas arquitetônicas que garantem mais conforto e bem-estar à edificação. A arquitetura brasileira lançava mão disso nos anos 1940 e 1950 sem precisar de grandes recursos”, relembra o profissional.
Dotado de instalações como ar-condicionado, gerador próprio, automação predial, sistema de retenção e reuso de água, o Sesc Sorocaba recebeu o Certificado LEED Gold por apresentar medidas socioambientais, redução no impacto ecológico em área urbana e implantação sustentável. Segundo Teperman, o certificado é consequência de uma construção bem planejada desde o início. “Tivemos consultoria de iluminação, ar-condicionado, conforto acústico e térmico, mas não fomos somente atrás disso. Pensamos e executamos o projeto para viver,” finaliza.
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