Para contemplar a vista do Vale do Capão, em Palmeiras, na Bahia, o escritório Sotero Arquitetos projetou a Casa do Bomba para se integrar com o entorno existente, em uma elevação dentro do recanto, com o terreno posicionado por uma das laterais do rio que corre em sua parte mais profunda.
O arquiteto Adriano Mascarenhas explica que o projeto surgiu diante das soluções mais viáveis para construção naquele local. “Optamos pela utilização do concreto armado, pois se trata de uma tecnologia mais comum à nossa realidade, além de permitir os vãos de aberturas que precisávamos para visualizar a paisagem”, completa.
Apontada como um dos diferenciais do projeto, a implantação da residência segue duas premissas: volume suspenso do solo, por necessidade de evitar a permanente umidade existente no fundo do Vale e preservação da topografia; e definição de um partido longitudinal ao terreno, devido à forma estreita do mesmo, que impediria a distribuição do programa transversalmente, acompanhando o desenho das curvas de nível.
Para o autor a única dificuldade para a construção do projeto foi a logística de transporte de materiais até o local, pois a área de terreno de 12 mil metros quadrados possui uma topografia acidentada que não permite acesso a caminhões. Mas, mesmo com esse obstáculo, o escritório desenvolveu um favorável descolamento em relação ao solo e às aberturas para contemplação da paisagem.
Para a execução da fachada foi escolhido o concreto aparente moldado in loco. “Ele se mostra mais próximo à pedra, além de ser facilmente moldado e se adaptar melhor às condições do transporte de materiais”, disse Adriano. Para deixar a casa menos rígida, o arquiteto optou pelo uso da madeira natural.
A Casa do Bomba possui um layout eficaz. É composto de corpo principal e anexo, além de ser distribuído em um único nível. Inclui apenas duas suítes, sala, varanda e cozinha aberta, área de serviço com pequeno lavabo e uma sala com a função de abrigar atividades físicas e de meditação. Diante disso o projeto de interiores da casa foi pensado para estabelecer um diálogo entre o concreto aparente e a madeira para o piso e/ou mobiliário.
Sobre a parte luminotécnica, Adriano Mascarenhas expõe que “as luminárias de teto tiveram de ser necessariamente de sobrepor, devido à utilização de laje maciça em concreto armado”.
O escritório Sotero Arquitetos elaborou soluções interessantes para a questão da sustentabilidade, como o teto verde que integra o projeto à paisagem. Sem contar que a casa possui painéis solares fotovoltaicos e reaproveitamento das águas de chuva.
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