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Toro Gastrobar

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Após reforma assinada por Arthur Casas, restaurante em Los Cabos, México, revela uma arquitetura que alterna a cultura do deserto mexicano com elementos cosmopolitas. Imagens: Leonardo Finotti
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Uma caixa no deserto

Texto: Cida Barros

Em Los Cabos, no México, em frente a uma linda vista do Oceano Pacífico, ergue-se o Toro Gastrobar, um restaurante cuja arquitetura encontra-se naturalmente incorporada ao entorno, o deserto mexicano. O projeto arquitetônico assinado pelo escritório brasileiro Studio Arthur Casas inspira-se no clima desértico, na vegetação árida e nas construções em adobe – um tipo de tijolo rudimentar, de terra crua, água e palha ou ainda fibras naturais, moldado por processo artesanal ou semi-industrial.

O resultado é uma caixa com acabamento de toda a superfície em madeira, cujo nível inferior ao do restaurante abre-se em balanço em direção ao oceano. Para proteger, há apenas um guarda-corpo de vidro transparente. Dentro do espaço, um grande banco com assento feito do mesmo piso do andar superior oferece acomodação. Fora, um deck mescla-se ao jardim em uma proposta que é, ao mesmo tempo, um terraço com sofás, mesas e lareira no piso rebaixado.

“Esses elementos nos inspiraram a mesclar a linguagem regional à cosmopolita”, explica Arthur Casas, arquiteto e fundador do escritório, acrescentando que a obra priorizou o uso de materiais locais. Embora o Toro Gastrobar esteja localizado no México, sua reforma absorveu uma característica peculiar aos projetos brasileiros de Casas: a transição gradual e integrada entre o pátio e a paisagem.

Arquitetura e design

No bar, o toldo retrátil de galhos sombreia e resguarda do sol forte durante todo o dia. O mobiliário rústico de madeira lembra os mercados tradicionais. O local oferece um móvel para abrigar caixotes Foto: Leonardo Finotti 

A fachada tem inspiração nos gradis de ferro da arquitetura colonial, sendo que as paredes laterais abertas desfrutam da proteção de cabos de aço em substituição aos gradis. Eles tornam-se visíveis logo após o pequeno corredor protegido por uma cúpula de tijolos preexistente.

O mobiliário rústico de madeira presente no Toro Gastrobar lembra os mercados tradicionais. Um grande móvel com a função de abrigar caixotes com flores chama a atenção no ambiente. Na outra extremidade, na adega, vê-se o interior do restaurante.

“Ícones do mobiliário mexicano, como Clara Porset e Luís Barragán, foram valorizados no design de interiores”, conta Casas. Para complementar a proposta, peças italianas revestidas com tecidos e fibras estão presentes na ambientação em referência às tradições locais.

O terraço-lounge e o salão do restaurante são os únicos locais com forro de madeira Foto: Leonardo Finotti 

Outro aspecto em evidência na decoração são as cores. Estampas indígenas multicoloridas esbanjam tonalidades complementares aos tons terrosos e exibem materiais rústicos na arquitetura. Das construções de adobe vieram os nichos com quinas arredondadas, feitos especialmente para acolher peças de artesanato local.

Plantas e pergolado

As plantas têm lugar certo na arquitetura do Toro Gastrobar. Para isso, o pátio ostenta uma pérgola de galhos sustentada por vigas em aço corten. Segundo o arquiteto, a função é filtrar a luz natural abundante durante todo o ano e servir de abrigo para as espécies desse jardim.

Grandes prateleiras sustentadas por cabos de aço tomam as paredes do piso até o teto e servem de suporte para os vasos com plantas cultivadas na região. O pergolado, além de ressaltar a horizontalidade do pátio, torna o espaço convidativo e remete aos jardins de Luis Barragán, arquiteto mexicano conhecido principalmente por sua casa-estúdio com belíssimo jardim, tombada como patrimônio da humanidade pela UNESCO – a única na América Latina.

Nos inspiramos na combinação entre a linguagem regional e a cosmopolita Arthur Casas

No piso revestido de seixos, o padrão orgânico prevalece e conduz ao bar central no pátio. Para sombrear e resguardar do sol forte há um toldo retrátil. Apenas o terraço/lounge e o salão do restaurante, localizados ao lado do pátio, possuem acabamento de ladrilho no chão e forro de madeira.

Materiais e layout

O layout do salão prioriza a distribuição de mesas para acomodar casais e grandes grupos. “Consideramos que estes constituem a maior parte da clientela turística de Los Cabos”, afirma o arquiteto Arthur Casas. Entre as prateleiras, há aberturas que permitem apreciar a vista para o mar. Para complementar, bancos de madeira de demolição acompanham o perímetro do balcão, chamando a atenção para a rusticidade dos materiais.

 

Escritório

  • Local: LO, México
  • Início do projeto: 2013
  • Conclusão da obra: 2015
  • Área construída: 750 m²

Ficha Técnica

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