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Harmonia 57

Harmonia 57
A vida no Harmonia começa por fora, nas paredes duplas de concreto orgânico com furos que lembram ‘poros’ e recebem uma extensa vegetação, formando um lindo jardim vertical. Um exemplo de construção com soluções simples e sustentáveis. Imagens: Beto Consorte
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Arquitetura viva

Texto: Tais Mello

No bairro considerado o mais ‘descolado’ da cidade de São Paulo, a Vila Madalena – equiparado ao boêmio Soho de Nova York – está o edifício comercial Harmonia 57, projetado pelo escritório franco-brasileiro Triptyque Architecture.

Como um organismo vivo, o prédio respira, sua e se modifica, transcendendo sua inérciaCarolina BuenoNa construção, as paredes externas de concreto orgânico são duplas, grossas e com poros preparados para receber a camada vegetal que funciona como uma pele. Dos poros brotam várias plantas, em um total de 5 mil mudas, dando às fachadas uma aparência única e modificável.

“Como um organismo vivo, o prédio respira, sua e se modifica, transcendendo sua inércia”, define uma das autoras do projeto, a arquiteta Carolina Bueno. A vida no Harmonia 57 pulsa em suas fachadas verdes, que crescem a cada estação do ano, transformando a sua aparência e a paisagem urbana.

Contemplar esse edifício é como olhar uma obra às avessas: as entranhas são expostas nas paredes externas circundadas pela tubulação do prédio, pelas bombas e pelo sistema de tratamento e reutilização da água como se fossem veias e artérias de um corpo, enquanto no interior bem acabado, as superfícies se mostram limpas e claras.

A vivacidade das fachadas é mantida pelo sistema implantado de captação de água das chuvas e bem pensado sistema de irrigação. A água captada passa por uma série de filtros até ficar pura e pronta para ser guardada em reservatórios. Em seguida, ela segue para ser distribuída e irrigada pelas tubulações que rodeiam todo o edifício, formando um complexo ecossistema junto ao local, com máquinas todas conectadas umas nas outras.

As janelas são panos de vidro protegidas por madeira com a forma pura de troncos de árvores. Elas foram planejadas para abrir ou fechar totalmente, deixando entrar a vista da cidade

Simplicidade estética e funcional

A efervescência característica do bairro onde está inserido – palco de novas formas de expressão, com grande fluxo artístico e criativo – parece incorporar a obra. A base neutra, de cor cinza, esculpida e deformada lembra uma obra bruta, e é intencional. “Um reflexo da preocupação atual com o meio ambiente e da investigação de formas de intervenção”, explicam os arquitetos.

Com volumetria marcante, o Harmonia 57 apresenta dois grandes blocos vegetais conectados por uma passarela metálica e recortados por janelas e terraços de concreto e vidro. No primeiro, encontram-se o térreo e dois pavimentos, cada um com um escritório de 85 m² e terraço. O segundo bloco é formado por três pavimentos e um pequeno estúdio de 40 m² sobre ele. Neste, cada andar possui um escritório de 120 m² e terraço.

Entre os dois volumes configura uma praça interna integrada à rua que se abre como uma clareira e Um reflexo da preocupação atual com o meio ambiente e da investigação de formas de intervenção serve como local comunitário, de encontros e trocas. Concreto, madeira e aço são os materiais utilizados. Embora comuns, eles foram aplicados de forma inovadora, com técnicas que misturam a arquitetura vernacular – construção de acordo com a tradição local ou regional e a sabedoria popular – à contemporânea. Os deques com estrutura e corrimões metálicos e piso de madeira podem fazer, também, a vez de encanamentos. As janelas são feitas com panos de vidro e protegidas por madeira com a forma pura de troncos de árvores.

Preservação de recursos naturais

São várias as vantagens oferecidas pela parede dupla. A cobertura de vegetação e o sistema de irrigação garantem conforto térmico e acústico ao interior do edifício.

O sistema de captação e armazenamento de água de chuva assegura até 90% de economia de água. Já as grandes aberturas e janelas estrategicamente localizadas permitem o aproveitamento da luz natural. Resultado: menor consumo de energia (ar-condicionado, luz e água).


Tudo isso a partir de técnicas construtivas simples, com materiais regionais, usos e programas adequados e aproveitamento do terreno. E o melhor: independente de tecnologia cara. Um edifício instigante, que propõe uma visão inovadora sobre a arquitetura viva.

Escritório

  • Local: SP, Brasil
  • Início do projeto: 2007
  • Conclusão da obra: 2008
  • Área do terreno: 500 m²
  • Área construída: 1.100 m²

Ficha Técnica

Fornecedores desta obra

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