Implantada em uma encosta da Serra do Mar em Ubatuba, litoral de São Paulo, a Residência Praia do Félix é uma agradável surpresa da arquitetura, pois respeita a legislação ambiental da área onde está inserida ao se elevar sutilmente, por meio de pilares de madeira, sobre a floresta. A leveza dessa solução estrutural faz o projeto, elaborado pelo escritório Vidal & Sant'Anna Arquitetura, parecer flutuar sobre a paisagem.
Segundo o arquiteto Silvio Sant'Anna, autor do projeto junto de Ana Vidal, a preservação da natureza estabeleceu o partido arquitetônico, e resultou em um mimetismo com a mata, que literalmente abraça a edificação.
“A ideia foi criar uma casa que mantivesse a paisagem natural, mas, ao mesmo tempo, oferecesse conforto aos proprietários. Diante da elevada inclinação do terreno e da presença de mata densa, decidimos usar materiais, como a madeira, que aparentam leveza”, explica Sant'Anna. O material, então, foi aplicado em light wood frame, sistema construtivo que predomina na obra. “A estrutura ocupa somente 10% do terreno e praticamente não toca o solo. Com isso, conseguimos preservar a geomorfologia do lote, que é suscetível a deslizamentos, e reduzir os custos de serviços como a fundação”, ressalta.
A fim de acompanhar a declividade do terreno, mas sem alterá-lo, a estrutura se ergue sobre doze pilares lenhosos, sustentados por sapatas de concreto. Elas evitam o contato direto da madeira com a terra e a umidade, que poderiam causar seu apodrecimento.
De acordo com Sant'Anna, o light wood frame oferece vantagens como a utilização de perfis pré-moldados, que podem ser transportados e montados no canteiro. O sistema resulta em uma construção que não agride o solo. Além disso, é mais rápida e gera menos desperdício e entulho, já que não demanda moldes ou fôrmas de concreto, como nas obras em alvenaria. “Outro requisito sustentável do projeto é que a casa foi inteiramente executada com madeira certificada FSC”, acrescenta.
A casa conta com dois volumes, um deles revestido em vidro para tirar proveito da vista do entorno. A caixa foi criada para abrigar práticas de relaxamento, como ioga e meditação.
O segundo bloco abriga, no primeiro piso, as áreas íntimas, enquanto as áreas social e de serviço – como sala de estar e cozinha – ocupam o segundo pavimento, que se projeta transversalmente sobre o terreno e conta com um terraço protegido por marquises, além de dispor de uma cobertura curva.
A circulação é externa e ocorre em escadas e passarelas, que se concentram em áreas opostas: uma no ponto mais alto do terreno, e outra na parcela inferior.
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