Projetos arquitetônicos para instituições escolares e empreendimentos culturais (museus, galerias de arte, teatros, cinemas, auditórios e salas de concerto) são cada vez mais pensados de forma personalizada. No caso da arquitetura educacional (ou escolar), o desafio é construir uma edificação integrada à proposta pedagógica da instituição e que acolha alunos e professores.
Para tanto, o arquiteto precisa se reunir com a comunidade escolar (professores, coordenadores, diretores, pais e alunos), discutir as necessidades do projeto e, então, refletir sobre as melhores soluções. O ideal é que as dependências escolares promovam um bom acolhimento de todos e inspirem o ensino e o aprendizado.
Já na chamada arquitetura cultural, o objetivo é criar um espaço com status de monumento, que envolva os visitantes. Nesses projetos, a acústica merece atenção especial.
Arquitetura escolar – o que considerar
Especialistas defendem que a arquitetura escolar influencia diretamente o trabalho dos professores e o aprendizado dos estudantes, aumentando a produtividade. Nesse sentido, o conforto termoacústico (os alunos precisam ouvir bem o professor e não podem sentir nem calor nem frio) e lumínico (que facilite a leitura) são essenciais. Além, claro, da segurança, da sustentabilidade e da acessibilidade, devendo-se dar preferência a projetos planos e com rampas em vez de escadas.
A ventilação natural deve ser priorizada. Ao construir todas as salas de aula do mesmo lado do corredor, a ventilação é cruzada acima do corpo das pessoas, proporcionando uma boa sensação térmica. Com corredor e classes dos dois lados, esse tipo de ventilação fica impossibilitada. Grandes janelas devem ser previstas no projeto, pois, além da ventilação natural, permitem iluminação natural. Para que garantam o conforto térmico, precisam ser protegidas por brises de telas metálicas verticais e afastadas da fachada. Para a cobertura, a telha metálica tipo “sanduíche” com poliuretano interno garante eficiência térmica.
A estrutura de instituições educacionais deve ser forte – já que o uso dos ambientes é intenso –, mas a estética também deve ser valorizada. O refeitório e a biblioteca, por exemplo, precisam ser agradáveis, aconchegantes e visualmente atraentes.
Segurança
Como é no playground que costuma acontecer a maioria dos acidentes em escolas, o projeto educacional deve prever a segurança das crianças nesse espaço. O primeiro passo é respeitar as determinações da Norma Técnica NBR nº 16.071/2012, que trata da segurança dos brinquedos; o segundo, é seguir à risca as instruções dos fabricantes tanto para instalação quando para manutenção.
Os materiais mais comumente usados em brinquedos são madeira, aço e plástico – esse último mais indicado para ambientes internos, uma vez que pode perder as suas propriedades quando em contato excessivo com o sol.
Dependendo da altura do brinquedo, é necessário um guarda-corpo ou até mesmo uma barreira que impeça que a criança passe para o lado de fora e caia.
O piso precisa amortecer possíveis quedas. Para saber quanto ele tem de absorver de impacto para evitar fraturas, são feitos testes em laboratório e no local da obra. O piso pode ser de areia ou granulado, terra batida, pedrisco, lascas soltas de madeira ou borracha (nesse caso, sua efetividade deve ser comprovada em ensaios). Por ser barata, a raspa de pneu também costuma ser bastante usada, mas há dúvidas quanto a seus efeitos para a saúde. Pelo sim, pelo não, o material deve ser revestido com uma borracha chamada EPDM.
Como o playground é um espaço de sociabilização, ele precisa ser acessível a todo tipo de criança. Assim, os brinquedos precisam estar na altura do piso, permitindo que pessoas com problemas de locomoção possam brincar, e ter rampas e passarelas de acesso.
Sustentabilidade
A preocupação com o meio ambiente, tão disseminada nas escolas, começa a fazer parte do projeto de arquitetura educacional. A certificação AQUA (Alta Qualidade Ambiental), da Fundação Vanzolini, gerida por professores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), é concedida às escolas sustentáveis. Para receber o selo é preciso respeitar 50% das exigências. Dentre elas estão: sustentabilidade na fase da obra, que inclui materiais sustentáveis e canteiro que agrida pouco o meio ambiente; gestão da água, da energia e dos resíduos sólidos; conforto termoacústico, visual e olfativo; e qualidade da água e do ar.
Arquitetura cultural – o que considerar
Não há dúvidas de que a estrutura da edificação, os materiais utilizados, o conforto térmico e a iluminação são itens importantes em empreendimentos culturais. No entanto, é a acústica que tem merecido destaque na chamada arquitetura cultural, deixando de ser coadjuvante para se tornar protagonista. Em teatros, por exemplo, a acústica tem a finalidade de melhorar a percepção sensorial do espaço, ou seja, o entendimento do que é dito, a proximidade entre artista e público, o envolvimento dos espectadores etc.
A acústica deve ser estudada na fase inicial do projeto. Assim, torna-se imprescindível planejar as instalações, considerando a geometria e a volumetria (arquitetura do interior) do espaço. Quando a geometria é complexa, softwares de projeto associados a simulações acústicas podem ajudar. Os materiais utilizados são os mais diversos, incluindo placas de difusão e absorção e isoladores especiais de vibração.
Leia matéria completa sobre projeto acústico de auditórios e empreendimentos culturais E mais: Escolas verdes
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